MEDICINA REPARADORA ou TRANSFORMADORA ?

A missão do médico cristão

Data: 15 a 17 de setembro de 2022

Local: Institutum Patristicum Augustianum - Roma - Itália

Considerações médicas, filosóficas e teológicas.

Aberto a todos os interessados em Saúde Católica.

Programa especial para jovens médicos e estudantes de medicina.

Audiência Papal.

Tradução simultânea: Inglês, Francês e Italiano

INSCREVA-SE

Este congresso é concebido, contrariamente ao que é habitual, como um curso de formação humanista cristã, post-universitário, destinado aos seus membros.

Não se trata de uma exposição panorâmica das actividades da Federação.

“Reparar” significa:

  • Por um lado, repôr em bom estado o que está danificado, deteriorado

  • e, por outro, compensar as consequências de um erro.

Para o cristão que exerce medicina,

  • “reparar” exprime,

    • por um lado, o respeito à vida, bem como a dignidade e a integridade da pessoa humana,

    • dito de outro modo, trata-se, para o médico, de reparar o corpo globalmente- físico, psíquico, relacional e espiritual-, respeitando a natureza humana, e não de transformar o corpo por prazer, com toda a autonomia; é o “Reparar o humano” face ao “ Transformar o humano” dos trans humanistas;

  • e , por outro lado, trata-se, igualmente para o cristão, de reparar com Jesus a transgressão da lei natural, da lei divina, efectuada pelos humanos; dito de outro modo, é ser co-redentor.
    A lei natural deixa-se hoje redescobrir.

No entanto, nem todas as produções da natureza servem o humano.

  • Elas exigem por vezes a acção transformadora do homem, em nome da exigência de sobrevivência ou da procura de uma vida melhor.

  • A inteligibilidade do corpo foi determinada por uma concepção do Absoluto, implicando uma concepção da Salvação.


  • Partindo da ideia de uma medicina reparadora, a reflexão coloca-se sobre o sentido da reparação: Porquê, com que objectivo, o que é preciso reparar? Tendo como fio conductor, a obra redentora de Cristo.

O tema “Reparar” será desenvolvido segundo a concepção inspirada pelos Papas Bento XVI e Francisco.

  • No seu discurso no Bundestag em 2011, o Papa Bento XVI declarou que a concepção da razão e da natureza, que mete em harmonia a filosofia e a fé, é contradita, desde pelo menos há meio século, pela força poderosa de um “positivismo jurídico” que obscurece o horizonte e priva o legislador de toda a referência a Deus.
    Uma “visão científica” do mundo, que afaste tudo o que não seja “verificável, nem falsificável”, tende à exclusividade e torna o legislador incapaz de criar pontes entre o “ethos”, a religião- remetidos ao subjectivo- e a lei.
    Ao mesmo tempo, uma visão “utilitarista” do Homem e da sociedade põe o acento unilateralmente sobre o que é “rentável”, “útil”, sendo o humano julgado segundo normas quantitativas de rendimento e lucro.
    A “razão positivista” entende apenas o que é “funcional”.
    A “razão utilitarista “ entende apenas o que é útil no imediato e rentável. “Nós devemos escutar a linguagem da natureza e responder-lhe com coerência”.
    Existe uma “ecologia do homem”. Este possui uma natureza que ele deve respeitar e não pode manipular livremente.
    O homem não é somente “uma liberdade criada por si próprio”.
    A defesa da dignidade inviolável do Homem, que é “nossa tarefa histórica de hoje”, consiste, para Bento XVI: no primado do direito na decisão política; na urgência de distinguir o bem do mal; em servir o verdadeiro direito e a justiça; em restaurar a natureza e a razão, face à dominação do “positivismo” e do “utilitarismo”; na defesa de uma ordem natural e ecológica.

  • Na sua Encíclica “Laudato Si”(§155), o Papa Francisco salienta: “A ecologia humana implica também algo de muito profundo: a relação da vida do ser humano com a lei da moral inscrita na sua própria natureza, relação necessária para poder criar um ambiente mais digno…… .
    A aceitação do seu próprio corpo como um dom de Deus é necessária para acolher e aceitar o mundo, no seu todo, como sendo um dom de Deus Pai, a Casa comum. Enquanto que uma lógica de dominação

  • do seu próprio corpo torna-se lógica, por vezes subtil, de dominação da Criação. Aprender a respeitar o seu próprio corpo, a cuidá-lo, e a respeitar a sua linguagem, é essencial a uma verdadeira ecologia humana”.

Nós tentaremos declinar a noção de reparação, sob três facetas seguintes:

  1. Médica: os aspectos médicos da reparação( restauração, regeneração, reconstrução, cirurgia plástica,…)tanto somática, psíquica, como espiritual, o que é essencialmente diferente da noção de aumento, de transformação. Estudaremos o que torna legítimo a reparação e o que a distingue de um aumento não respeitador da dignidade e da natureza humanas.
    Reparar não é necessariamente refazer sem modificação mas é
    respeitar algo que fazia parte integrante do corpo humano.

  2. Filosófica: a noção de reparação faz apelo a uma concepção do corpo “tal como ele deveria ser”.
    Mas qual é esta noção de corpo que deveria servir de referência à reparação?
    A diferença entre normal e patológico é difícil.
    O que é o corpo normal? Para reparar é preciso uma referência.
    Esta noção será encarada com base numa antropologia bíblica que valorize a noção de unidade da pessoa humana. É a ideia da natureza renovada vista de maneira dinâmica. É isto que fará com que a reparação não seja tida como um simples retorno a uma norma rígida , mas sim como uma maneira de respeitar a natureza. Reparar não significa atingir o que o corpo era antes da doença ou do traumatismo.

  3. Teológica: reparar é também reparar o afecto, o coração, a alma.
    O Corpo glorioso de Cristo, Ressuscitado, mas portador dos traços da Sua paixão, serve de referência à reparação.
    A reparação remete à encarnação que se deve renovar (trata-se bem de uma vida encarnada num corpo) mas a reparação também remete para a redenção (reparar é igualmente salvar).
    O médico é obreiro de um verdadeiro projecto de (co) redenção, no âmago de uma encarnação profunda

info: rome2022@fiamc.org